A SEGURANÇA ALIMENTAR COMO DESENVOLVIMENTO DAS SOCIEDADES

Num cenário em que a população não cessa de aumentar, tal como as suas necessidades, incluindo as alimentares, é inevitável que tenhamos de desenvolver esforços para incrementar a rentabilidade dos actuais recursos e a satisfação dos consumidores. A par deste desenvolvimento aparecem problemas sanitários que desafiam permanentemente as capacidades humanas e introduzem elementos e objectivos novos no estudo da Inspecção Sanitária dos Alimentos. É comum afirmar-se que a inspecção dos alimentos já se realizava nos tempos históricos mais remotos, mas isso não é técnica nem cientificamente verdade, uma vez que não se tratavam de práticas organizadas, metodológica e sistematicamente aplicadas, não como actualmente as concebemos. Muitas das regras então elaboradas acabavam por implicitamente se relacionar com a sanidade, embora fossem apresentadas como tabus ou rituais religiosos. Eram normas empíricas, rudimentares, mas que indirectamente contribuíram um pouco para a prevenção de algumas doenças. Em todas as civilizações da antiguidade clássica, se encontram referências a esta matéria.

Na actualidade, os actos de Inspecção Sanitária dos alimentos destinados ao consumo humano e animal fundamentam-se e estruturam-se em bases científicas perfeitamente definidas. Conhece-se a natureza dos agentes perigosos para a saúde que os alimentos podem veicular, bem como os processos que permitem detectá-los, inactivá-los ou evitar a respectiva proliferação.

  E porque a actualidade é exigente a Santa Casa da Misericórdia de Felgueiras, acompanha a evolução e pretende dar resposta, de forma cada vez mais eficaz ao compromisso das normas de Higiene e Segurança Alimentar e ao Sistema HACCP. Actualmente a reestruturação de instalações e equipamentos da Unidade Alimentar está a ser planeada, uma vez que são servidas cerca de quinhentas refeições diárias, com perspectivas de acréscimo de mais duzentas refeições. O desenho e layout das novas instalações, vão exaltar as boas práticas de higiene e a protecção contra a contaminação cruzada entre e durante as operações. A “nova” unidade alimentar será concebida para preparar e confeccionar mais de mil refeições por dia. Todas as actividades irão fluir progressivamente desde a recepção das matérias-primas, até ao local de armazenagem, preparação, confecção/ fabrico, manutenção e serviço/ distribuição, numa direcção “marcha-em-frente” (sem retrocessos), sem que na sequência das operações ocorram quaisquer cruzamentos entre elas, para evitar a contaminação cruzada dos géneros alimentícios durante as diversas operações. 

  A par da reorganização das infra-estruturas, uma área de exímia importância é a aposta na formação de quem trabalha na nossa unidade alimentar. A sensibilização do pessoal que assegura a preparação e confecção dos alimentos, para os aspectos relacionados com a segurança alimentar, é essencial de modo a que estes possam interiorizar nas suas práticas, requisitos que estão directamente relacionados com as suas funções e relativamente às quais devem possuir formação de base. As estatísticas demonstram que cerca de 25 a 40% das contaminações resultam das práticas inadequadas de manipulação dos alimentos por parte dos operadores. Logo, todo o pessoal que contacta com alimentos é estimulado a entender a higiene e a segurança alimentar como modo de estar essencial na redução do risco para a Saúde Publica e não como um conjunto de regras e obrigações. 

Depois disto o Sistema HACCP poderá ser utilizado eficazmente para assegurar a segurança alimentar através do exame de todas as etapas das operações com alimentos, identificando os passos que são perigos críticos para essa mesma segurança e implementar procedimentos efectivos de controlo e monitorização desses passos. 

Com esta tripla atitude, a Santa Casa da Misericórdia de Felgueiras, estará efectivamente melhor preparada para assegurar este requisito fundamental do desenvolvimento das sociedades exigentes que é a Segurança Alimentar.